Umumbigo


new
Dezembro 30, 2014, 12:41 pm
Filed under: música


possibilidade
Dezembro 28, 2014, 6:11 pm
Filed under: de ler

TWO-LANE BLACKTOP

Aprenderei a amar as casas
quando entender que as casas
são feitas de gente
que foi feita por gente
e que contém em si a possibilidade
de fazer gente

Matilde Campilho

Jóquei



poema
Dezembro 26, 2014, 4:55 pm
Filed under: nostalgias

CCL

Tudo isto pode ser um poema inútil mas belo. E se for.



entrelaçar
Dezembro 26, 2014, 4:39 pm
Filed under: nostalgias

CCXLIX

Quando duas pessoas dormem juntas não podem fugir a uma coisa muito simples que é esta de entrelaçar sonhos. Então não sabemos se o sonho é nosso, se é dele ou dela que dormem aqui ao lado, o pé no meu pé mais a mão no umbigo e uma nuvem de cabelos brincando na almofada. Já não sabemos se nos sonhamos, se te sonho. O que é sonhar ou estar acordado. O que é sonhar sonhos nossos ou dos outros se não são todos iguais a quererem ser qualquer coisa melhor, qualquer coisa maior. Ou tão diferentes que têm que partir para a batalha e será por isto que acordamos por vezes cansados.



pequeña
Dezembro 21, 2014, 5:42 pm
Filed under: música


senhor carteiro
Dezembro 20, 2014, 2:37 pm
Filed under: de ler

“A luz da manhã chega como encomenda atrasada do estrangeiro, desculpe senhor carteiro, foi há tanto tempo que já nem a esperava, mas sabe, amigo, às vezes a luz do dia é retida na alfândega por suspeitas no tamanho do embrulho, não podemos deixar crescer o contrabando dos dias falsos, as madrugadas contrafeitas, então está explicado, senhor carteiro.”

o osso da borboleta, Rui Cardoso Martins



janela
Dezembro 13, 2014, 9:46 pm
Filed under: música


natal
Dezembro 3, 2014, 11:16 am
Filed under: nostalgias

CCXLVIII

Petrúcio acompanhou o primeiro desgosto amoroso de Lucília. Seriam também os únicos – o desgosto e o avô amaciando uma desilusão do tamanho de tudo o que é grande.

Nesses tempos caminharam muito. Petrúcio punha o cachecol e da porta dizia uma palavra só: Lucília.

Vinha do canto escuro onde estava já de sobretudo. Saíam para o dia ou para a noite.

Era noite.

A miúda não falava como deve ser em todos os grandes desgostos. O velho cantarolava e volta e meia dizia coisas como

– Enquanto existirem no mundo pessoas que vestem varandas e janelas com luzinhas de natal, há esperança de qualquer coisa melhor.

Lucília sorriu o primeiro sorriso desde que ficara feita estátua gelada. Ouviu-se qualquer coisa rachar e Petrúcio a assobiar um fado contente.



frase
Dezembro 2, 2014, 9:36 pm
Filed under: nostalgias

CCXLVII

Toda a gente nasce.

Se pudessemos contar as vezes que esta frase dançou na cabeça de Lucília ficaríamos muito cansados. Diremos só que foram muitas. E parecendo uma frase pequena saibam que tem o comprimento de todos os partos do mundo.



nua
Dezembro 1, 2014, 10:07 pm
Filed under: nostalgias

CCXLVI

Teve que passar duas portas. Quando uma se fechou abriu a outra. Sentiu medo ao antever o estrondo do bater da madeira velha, viu-se sem saída decretando o trinco fechado para sempre. Mas logo implodiu qualquer coisa como alegria só de poder imaginar tudo – e tudo é muito – atrás da porta prestes a tocar.

Escondia-se um quarto vazio e com um olhar ficou a descoberto. Pareceu-lhe tão verdadeiro. Por isso quis também ela ser inteira. Despiu-se e sentou-se no chão nua. Os olhos ficaram abertos.